quarta-feira, 23 de maio de 2012

Mangás no BRASIL


 Quem observa o mercado editorial hoje notará uma quantidade enorme e muita variedade de mangás nas bancas. Saibam que isso ocorreu há apenas 11 anos. Antes era praticamente impossível encontrar um autêntico mangá japonês por aqui, ainda mais em formato próximo do original, embora tenham ocorrido algumas tentativas...






E Era das Trevas
O primeiro mangá a ser lançado no Brasil , sem conclusão, foi "Lobo Solitário" em 1988 pela Editora Cedibra. Nessa estreia vieram, por várias editoras, os seguintes títulos: "Akira", "Crying Freeman", "A Lenda de Kamui", "Mai - A Garota Sensitiva", Cobra", Baoh" e "Escola de Ninjas". Muitos destes títulos contaram com uma publicação inconstante, havendo espaçamento de anos entre números e a grande maioria não chegou a ser concluída satisfatoriamente. Vale lembrar que nenhum deles sequer chegou perto do formato original, posto que, na época, os comics americanos estavam em alta e se optou por um tamanho diferenciado para os mangás, embora claramente inspirado nos comics. Inclusive no formato da leitura, que obedecia a ordem ocidental (da esquerda para a direita).
 Cerca de 10 anos depois (em 1998), a loja Animangá, reduto de otakus de São Paulo começou a publicar nada menos que o famoso "Ranma ¹/²", da autora Rumiko Takahashi. Assim como os antigos, esse também era em formato comics americano, com onomatopéias americanase com base no que foi publicado nos EUA. A série durou um período razoável, com periodicidade irregular, porém foi cancelada antes do fim.

 O Novo Milênio
A maré só começou a mudar no final de 1999, quando a Editora Conrad anunciou a aquisição de Akira Toriyama, "Cavaleiros do Zodíaco" (Saint Seiya), de Masami Kurumada, e "Pokémon", que por alguma razão até hoje não foi lançado. E, apesar do anúncio de que seriam lançados como no Japão, a Conrad lançou mão de um formato distinto. A quantidade de páginas equivalia a meio tankobon (formato dos volumes encadernados japoneses), em papel de qualidade, embora ele fosse ligeiramente maior que um tankobon verdadeiro. A qualidade da tradução e arte das capas seriam severamente desconhecida, fez sua sacada e trouxe quatro mangás ao esmo tempo: "Ruroni Keshin"(Samurai X), "Sakura Card Captors", "Guerreiras Mágicas de Rayearth" e "video Girl Ai". Todos os quatro foram um enorme sucesso. Apesar de manter o número de páginas de meio tankobon, a JBC inovou ao trazer as capas originais nos volumes ímpares e imagens coloridas nos volumes pares, tradição que a editora mantém até hoje.


 X/1999
 Desta forma o pontapé havia sido dado e a JBC foi a primeira editora a lançar um mangá na íntegra - neste caso, "Guerreiras Mágicas de Rayearth", do grupo CLAMP. Paradigmar foram quebrados e uma onda de alegria contagiou os fãs, pois viram que era possível, sim, que mangás fossem lançados em sua totalidade no país. Concluindo-se estes títulos, surgiram mais mangás e desta forma acabamos tendo a oportunidade de ler sucessos como "A Princessa e o Cavaleiro", "Fushigi Yuugi", "Love Hina", "Yu Yu Hakushô", "Shaman King", "Chobits", "GUNN" (ou Batlle Angel Alita), "one Piece", "Dr. Slump" e muitos, muitos outros. A JBC alcançou outra marca, que foi a de ter lançado, e consequentemente concluído, um mangá que nunca teve sua série animada exibida por aqui: Vídeo Girl Ai".
 Embora a quantidade de mangás aumentasse substancialmente, nenhum mangá era tão aguardando como o maior sucesso do grupo CLAMP na época, X/1999. 
 A saga de Kamui e Companhia era sempre solicitada e quando os primeiros boatos acerca do seu lançamento sergiram, vários fãs discutiam acaloradamente na Internet sobre qual a melhor editora para publicar o mangá: Conrad ou JBC? Uns preferiam a primeira porque a qualidade do material final costumava ser superior, enquanto outros preferiam a segunda por conta das capas originais. No final das contas a série foi publicada - até alcançar a publicação japonesa, que ainda não foi concluída - pela JBC. O lançamento da série também teve outro fator de comemoração, pois pela primeira vez no Brasil um mangá era lançado no formato tankobon inteiro. Não era dessa vez que recebíamos um material idêntico ao japonês (o que ainda não aconteceu), mas muitos ficaram extremamente felizes e esperavam que todos os demais lançamentos viessem neste formato. Um fato que pesou contra foi o preço final do produto, que era bem mais alto que o usual e muitos não tinham condições de arcar com tamanho rombo nos bolsos de uma vez só.

 Panini entra no jogo
 Não demorou muito e outra grande editora percebeu o nicho de mercado dos mangás. A Panini começou lançando mangás de retorno duvidoso como "Gundam Wing", "Peach Girl" e "Éden", mas foi um começo promissor, posto que hoje ela é editora coma maior quantidade de mangás em publicação no Brasil. Infelizmente, é verdade que quantidade não quer dizer qualidade. O início das suas publicações foi bastante tímido e seus lançamentos era muito, mas muito espaçados e por vezes se perdia a noção de que número seria o próximo. Não demorou muito para a Panini se reorganizar e readaptar, firmando-se como uma editora de qualidade. A empresa antes de chegar títulos "arrasa-quarterão" como "Bleach" e "Naruto", trouxe pérolas como "Princess Princess", "MeruPuMärchen Prince", "Angel Sanctuary", "Bersek" e "Kare Kano". Hoje, no Brasil, é uma das poucas editoras que se arrisca a trazer mangás bem desconhecidos, mas que por vezes são excepcionais, ao exemplo de "Blood+" e "Trinity Blood".

 Demais editoras 
Claro que não foram só essas três editoras que se aventurara, pelos mares instáveis dos mangás. Muitas outras lançaram alguns títulos, embora poucas tenham lançado mangás propriamente ditos. Dentre os destaques temos a NewPop, que lançou alguns títulos de forma tímida e especializada, com qualidade, mas poucos deles eram realmente mangás (sendo em sua maioria Manwás, ou seja, de origem coreana ou mesmo títulos americanos desenhados em estilo mangá). Outras editoras que podemos citar são: Editora PNC, com "COMBAT!" (Pineapple Army); Opera Graphica, com "Jam: As Justiceiras", "Gunn", Jovens Guerreiros" (Ozanari Dungeon); Mythos, com um catálogo maior como "Dark Angel", "Homem-Aranha", "X-Men", "Guerreiros Errantes" (Sword Gale), "Dirty Pair, "A Agência" (Geobreeders), "AT Lady", "Sorcery Hunters" (Bakuretsu Hunter". Importante lembrar que a maior parte desses mangás acabou não sendo lançada até seu final. Recentemente a Editora Savana entrou no mercado com "unordinary Life". "Aflame Inferno" da mesma editora é um Manwá, e dois dos títulos da Lumus Editora ("Planet Blood" e "Priest") também são originários da Coréia.


 As baixas pelo meio do caminho...
 Claro que nem todos os mangás tiveram um final feliz aqui no Brasil. Nos anos 1980 e início dos anos 1990 muitos ficaram pelo meio do caminho. Da nova leva podemos citar "Dr. Slump" que foi limado por conta de baixas vendas. "Peach Girl" não teve melhor sorte: seus primeiros 24 números foram lançados sem maiores problemas, até que a editora não renovou o contrato e interrompeu a publicação faltando apenas 6 tankobons (12 volumes nacionais) para finalizar a série. A editora fez uma nova tentativa, mas cancelou a série logo em seguida. "Shin-chan", não teve a mesma sorte, pois foi cancelado com menos de 10 edições e não houve nova tentativa de emplacá-lo. Depois, como já dito, praticamente todos os mangás das editoras pequenas morreram pelo caminho. Os únicos que tiveram um pouco mais de sorte foram "Gunn" e "Ranma
¹/²", que a JBC acolheu e  relançou, sendo o primeiro já completo e o segundo tendo iniciado sua publicação em 2009.
 Outros mangás incompletos, como "Monster", "One Opiece", "Sanctuary" e "Cavaleiros do Zodíaco: Episódio G" sofreram por conta da quase falência da Editora Conrad. No começo de 2009 a editora foi comprada e alguns títulos voltaram á normalidade, o que ainda não foi o caso dos mangás citados. A princípio, a única das três grandes editoras que ainda não cancelou nenhum título foi a JBC, que seleciona muito bem o que pretende lançar no país e não costuma se arriscar muito.

 O Mangá Hoje
 Atualmente o panorama é muito mais tranquilo do que uma década atrás. O mangá já provou ser rentável para as editoras, desde que os títulos sejam bem selecionados. O caminho tornou-se bem mais desconhecidos, embora ainda possam ocorrer baixas pelo caminho e uma das grandes editoras esteja praticamente fora de cena. OK, não totalmente, mas a Conrad não está com o mesmo vigor do passado e ainda não despontou nenhuma outra para ocupar seu lugar, então os grandes títulos devem permanecer divididos entre JBC e Panini por mais algum tempo.







Matéria Original: Anime>DO e Nartiis

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